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Funcionárias terceirizadas do Centro de Pesquisa da Petrobras denunciam petroleiro por assédio sexual
Caso de uma delas já virou denúncia do MP. Polícia Civil também investiga os casos. Petroleiro nega acusações.
Por André Coelho, Maiane Brito e Flávia Freitas, GloboNews –
Funcionárias terceirizadas do Centro de Pesquisas da Petrobras, na Ilha do Fundão, Zona Norte do Rio afirmam ter vivido episódios de assédio sexual. As acusações são investigadas pelo Ministério Público e pela Polícia Civil.
O Ministério Público Estadual denunciou um petroleiro por constrangimento sexual dentro da unidade, em junho do ano passado. A investigação aponta que C.M.S. teria assediado por pelo menos três vezes uma auxiliar de limpeza. Sua defesa nega as acusações (leia mais abaixo).
A Globonews teve acesso com exclusividade à denúncia. O documento diz que o acusado teria praticado o assédio utilizando da sua “condição de superior hierárquico inerente ao seu cargo”. O documento também diz q ele disse para a vítima “Eu sou petroleiro que manda aqui, sou eu, eu te protejo” “enquanto balançava o crachá durante as tentativas de se relacionar sexualmente com a vítima”.
A funcionária conta que o assédio começou depois de ser convidada pra fazer faxina no apartamento dele: “Ele falou assim: ‘Eu fiquei pensando, se você for trabalhar lá em casa eu ia te comer toda hora’.
“Aí eu me travei, fiquei calada e fui fazer meu serviço. E sempre ele vinha atrás. As conversas era o tempo todo sobre sexo. Eu entrava pra trabalhar [e ele dizia]: ‘E aí, como foi sua noite? Fez muito sexo?'”, acrescenta, dizendo que alertou a Cristiano que tinha marido.
Os assédios, porém, teriam ficado ainda mais agressivos, com toques no corpo da auxiliar de limpeza e outras agressões:
“Em um plantão, ele tava na mesa. [No local], tem dois banheiros. Eu passei por ali, ele deu um tapa na minha bunda. Eu disse: cara, para, por favor! Ele abriu as calças, eu falava: ‘Cara, pelo amor de Deus, me deixa sair, eu só quero trabalhar“. E ele: ‘Não, não, mexe aqui nele, põe a mão. Dá um beijinho”. Na copa, ele quis ver minha calcinha. Nesse dia eu cansei, ele descia minha calça, eu subia. Pedia: ‘Pelo amor de Deus, me deixa em paz”.
Esse não é o único inquérito contra o petroleiro. Cristiano responde a pelo menos outras duas acusações do mesmo tipo, investigadas pela Polícia Civil e já encaminhadas ao MP.
Vítima relata agressões e ofensa racista
A equipe da Globonews conversou com essas duas vítimas. Uma delas disse: “Ele passou a mão em mim. No meu pescoço, passando pela minha blusa. Eu me defendi, sou explosiva”.
Esta funcionária também afirma que o assédio passou a se intensificar, passando para ataques físicos e ofensas racistas.
“Falou pra mim: ‘Você é solteira. Eu tô com tesão em você, quero você hoje’. E eu falei : ‘Eu não’. Aí ele pegou minha cabeça e colocou lá no negócio dele. Eu consegui me jogar pra trás. E ele: “Você não sente tesão em mim não?”, Eu falei: ‘Não’. E ele: ‘Mas eu sou petroleiro e você é só faxineira’. Quando voltei, foi pior. Foi quando ele pegou e me agrediu. Ele me agrediu. Ele me empurrou na pia eu caí sentada. Ele falou: ‘Sua neguinha do cabelo duro’.
Depois das denúncias virem à tona, a ordem da empresa foi manter as mulheres afastadas do acusado. Mas, segundo as vítimas, esse cuidado durou pouco e, recentemente, elas teriam encontrado com ele nos corredores, já que o acusado continuava a trabalhar na unidade.
Para a advogada das vítimas, a prioridade é que a Petrobras garanta a proteção das três mulheres. “Que o inquérito vá a frente. E na questão trabalhista que elas reparadas pelo dano sofrido. São danos que vão acompanha-las pela vida toda”, disse Ana Carla Corrêa.
O Ministério Público espera que outras denúncias possam surgir com a divulgação do caso. “Tanto a polícia quanto o Ministério Público estão preparados para receber essa denúncia por parte das mulheres. Nós estamos em pleno século XXI, crime de importunação sexual e assédio sexual são crimes inadimissíveis. E o MP espera que outras vítimas possam aparecer”, afirmou o promotor Sauvei Lai.
Já a defesa do petroleiro nega as denúncias: “A defesa nega veementemente os fatos. Eles não aconteceram. São falsos e será provado. Uma das vítimas sequer trabalhava no local onde ela disse que houve o fato apurado investigado. O que corrobora a versão do acusado, da negativa da autoria”.
Enquanto as investigações continuam, as funcionárias afirmam que esperam por Justiça, tentando superar o trauma. Uma delas afirma: “Eu não consigo dormir, tem dia que eu não consigo, lembro de tudo e minha lágrima desce sem eu querer. A gente se sente um nada, um nada… “.
Outra diz: “Nem sei o que falar. Eu olho pra minha filha quando eu chego em casa e penso: ‘Amanhã minha filha vai arrumar um trabalho, será que alguém vai fazer isso com ela?”
“Eu senti que eu tinha culpa daquilo e eu não tive. Só queria que isso acabasse, ta acabando comigo, com meu psicológico. Pessoas acham que eu quero dinheiro dele. Não quero dinheiro de ninguém. quero que ele pague, quero Justiça, que ele seja preso, saia dali. Só quero viver em paz”.